Aprendizagem contínua e treinamento tradicional: quando e por que usar estas estratégias

Gustavo Brito, CLO da Afferolab, destaca que a aprendizagem não tem um único formato. Ela pode acontecer de diferentes formas:

• A partir de um treinamento tradicional;

• De forma contínua;

• Pela integração entre educação corporativa e a gestão viva do conhecimento (a chamada aprendizagem wiki);

• Ou ainda de maneira mais orgânica, como uma horta que precisa ser cultivada constantemente.

O grande desafio, segundo ele, está na aprendizagem dentro das empresas, muitas vezes, acontecer de forma solta, desconectada, abrindo brechas para lacunas que acabam sendo preenchidas de qualquer jeito – e nem sempre da melhor forma.

Aqui, vamos organizar essas ideias e explorar o conceito de aprendizagem contínua: como ela pode ser conduzida na empresa; qual o papel do treinamento tradicional nesse contexto e, no fim das contas, como utilizar as abordagens para gerar mais resultados.  

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Aprendizagem contínua é sobre evoluir o tempo todo. Brito destaca que:

Aprendizagem contínua é uma expressão derivada do Lifelong Education, um conceito cunhado por Basil Yaxley em 1919 e desde a década de 1970 renomeado como Lifelong learning, isto é, a consciência de que é preciso aprender para o resto da vida.

Em outras palavras, a aprendizagem contínua apreende formas ativas de desenvolver conhecimentos, habilidades e competências de modo constante, de um jeito dinâmico e integrado.

Ela pode acontecer de várias maneiras – formal ou informal, no dia a dia, e por meio de diferentes formatos.

O importante à aprendizagem contínua é a educação estar sempre viva e conectada à realidade de quem aprende.

A aprendizagem contínua, em geral, é flexível e faz parte do dia a dia dos profissionais. Entre suas principais características estão:

Aprendizado dinâmico

O desenvolvimento acontece o tempo todo, sem marca de começo, meio e fim.

Integração ao fluxo de trabalho

O aprendizado acontece na prática, aplicado aos desafios reais do dia a dia.

Personalização e autonomia

Cada profissional tem liberdade para direcionar seu aprendizado, conforme suas necessidades e interesses. Tecnologias como plataformas LXP+LMS ajudam a criar trilhas de aprendizagem personalizadas.

• Microlearning: conteúdos curtos e objetivos.

• Aprendizado social: trocas entre colegas, mentorias e comunidades.

• Aprendizado experiencial: projetos, desafios e job rotation.

• Acesso sob demanda: conteúdos sempre disponíveis, em qualquer hora, lugar ou dispositivo.

Na aprendizagem contínua, um dos pontos essenciais é a cultura de aprendizagem fazer parte do dia a dia de todos.  

Do lado dos colaboradores, essa cultura motiva a curiosidade e a busca constante de evolução.  

Características que identificam esses profissionais são:

• Leitura regular

• Curiosidades por diferentes temas

• Proatividade

• Adaptabilidade

• Mentalidade de crescimento

Para as empresas, a mentalidade de aprendizagem contínua fomenta a produtividade, inovação, comprometimento e vai muito além do desenvolvimento de competências individuais.

Alguns benefícios diretos são:

• Aumento de eficiência

• Aumento de engajamento

• Adaptação rápida às mudanças  

• Tomada de decisão baseada em dados

• Cultura organizacional colaborativa

O treinamento tradicional segue um modelo mais estruturado, com conteúdo definido, formato fixo e começo, meio e fim bem delimitados. Ele acontece em momentos específicos e tem um foco claro: transmitir conhecimento de forma organizada.

• Formato estruturado – aulas, em sua maioria, presenciais com instrutores, materiais e uma sequência fixa de conteúdos.

• Duração pontual – ocorre em períodos determinados, como workshops, cursos ou palestras.

• Ênfase na teoria – o aprendizado costuma ser mais focado na transmissão de conhecimento do que na aplicação prática imediata.

• Público-alvo definido – direcionado a um grupo específico, com conteúdos iguais para todos.

• Avaliação convencional – testes, provas e certificações para medir o aprendizado.

O modelo funciona bem em situações como treinamentos técnicos, obrigatórios ou de compliance, mas pode ser um pouco engessado quando o objetivo é desenvolver habilidades de forma contínua, personalizada e conectada ao dia a dia.

Para Brito, treinamentos tradicionais já não encontram mais defesa sustentável, em meio a variadas tecnologias focadas em criar experiências mais engajadora. De qualquer forma, relata ele: “são úteis para treinamentos de segurança, por exemplo.”

Por ser ideal em situações de capacitação estruturada e pontual, com conteúdo pré-definido e aplicabilidade imediata, treinamentos tradicionais podem ser usados em:

• Treinamentos técnicos e obrigatórios – compliance, normas de segurança, certificações regulatórias.

• Onboarding técnico de novos colaboradores – integração inicial para acelerar conhecimentos obrigatórios de uma função ou área. Exemplo: setores de manejo de produtos químicos.

• Habilidades específicas – uso de ferramentas, processos internos, metodologias padronizadas.

Gustavo Brito, CLO da Afferolab, enfatiza a aprendizagem contínua como um modelo mental. “É algo que se pratica. É algo que deve permanecer fresca e ativa por toda a vida.”

Para o educador, a cultura de aprendizagem contínua é algo que se constrói no tempo, a partir de um cultivo consistente de rituais, símbolos, lógicas, valores e vínculos. “É um processo de transformação cultural que pede um olhar e uma estratégia antropológica.”, explica ele.

De maneira prática, cultivar e investir na aprendizagem contínua nas corporações possibilita:

Acompanhar as mudanças do mercado

A tecnologia, os modelos de negócios e as demandas do mercado evoluem dia a dia. Logo, investir em aprendizagem contínua garante times alinhados a essas mudanças, tornando mais ágeis ajustes em estratégias e ações para superar contratempos.

Desenvolver talentos e retenção de profissionais

Profissionais com mentalidade de aprendizagem ao longo da vida buscam crescimento e desenvolvimento constante. Logo, empresas que oferecem oportunidades de aprendizado contínuo retêm talentos, reduzem a rotatividade e atraem profissionais mais capacitados.

Aumento de produtividade e performance

Colaboradores mais capacitados são mais produtivos, resolvem problemas complexos, têm capacidade de liderar e influenciar, resiliência, maior interesse e conhecimento do negócio, pensamento crítico e flexibilidade.  

Estímulo à inovação e criatividade

Ambientes que incentivam a aprendizagem contínua promovem o compartilhamento de conhecimento e novas ideias. Isso fortalece a cultura da inovação e mantém a empresa sempre atualizada e competitiva.

Cultura organizacional colaborativa

Quando aprender se torna parte do dia a dia, os colaboradores se sentem motivados a compartilhar conhecimento e crescer juntos. Incentivar esse comportamento cria ambientes colaborativos e de alto desempenho.

Métricas de impacto e melhoria contínua

O uso de tecnologias, como ferramentas de LMS+LXP, permite criar e acompanhar o progresso de aprendizagem dos colaboradores, sendo possível ajustar as estratégias de aprendizado com base em dados.  

Voltando ao início do conteúdo, para superar o desafio de uma aprendizagem isolada e desconecta as empresas precisam investir em processos de aprendizagem contínua, que se aproveite dos mais variados recursos para capacitar pessoas.

Investir na aprendizagem contínua, destaca Gustavo Brito, abre mais alternativas de futuro para as empresas e firma-se um compromisso cultural, no qual líderes desempenham um papel essencial para incentivar a curiosidade, a troca de conhecimentos e a adaptação contínua.

Para organizações que buscam fortalecer essa cultura, o desafio está em integrar diferentes abordagens de aprendizagem, combinando métodos flexíveis e personalizados com o melhor do treinamento estruturado.  

Combinar ações de educação corporativa, adequando-as a cada momento, necessidade e interesse dos colaboradores, e fomentar a criação de um ecossistema de aprendizado que desenvolve talentos impulsionam resultados estratégicos e fortalecem a cultura organizacional.