Escrito por Gustavo Brito
Me convidaram para representar a Afferolab com palestra em um grande evento e junto ao convite veio a informação que título e tema já estavam definidos: Lugar de felicidade é no trabalho. Aceitei, claro, mas coloquei a condição de poder mudar levemente o título para:
Fiz questão de adicionar a interrogação, pois por detrás de todo esse fuzuê de employee satisfaction e chief happiness officer se esconde um mito muito pouco desafiado, qual seja, o mito de que felicidade gera performance que gera sucesso. O convite para a palestra me pareceu a melhor ocasião para afrontar de vez essa que me parece ser mais uma das verdades absolutas do mundo corporativo que precisa de um bom tapa na cara.
Veja, não tenho prazer nenhum em ser visto como estraga-prazeres de quem anda criando diretorias de felicidade como se soubessem em que direção está a felicidade. Tenho prazer em bater de frente com esforços ineficientes e que, a despeito do discurso, distanciam pessoas do que deveriam de fato buscar.
Calma, vamos chegar lá. Antes, permita-me trazer evidências. E seu eu te dissesse que existem pesquisas científicas corroborando o argumento de que nem sempre ter colaboradores "felizes" significa performance ou resultado? Pois é... Uma dessas pesquisas foi desenvolvida por Rhian Silvestro da University of Warwick (Grã-Bretanha): Dispelling the modern myth: Employee satisfaction and loyalty drive service profitability. Nela, Silvestro teve como foco a pesquisa dentro de um dos quatro maiores grupos de supermercados das ilhas britânicas e pôde desvendar duas coisas:
Trocando em miúdos: Quando mais satisfeito o colaborador, menor a margem de lucro e quanto mais satisfeito o colaborador, menor a produtividade. Provocador, não acham?
Pesquisadores do National Institutes of Health também julgaram ser hora de fuçar o tema da felicidade e publicaram descobertas no mínimo perturbadoras no artigo: Can Seeking Happiness Make People Happy? Paradoxical Effects of Valuing Happines. Nele, Iris B. Mauss, Maya Tamir, Craig L. Anderson e Nicole S. Savino revelam os dados abaixo:
PAINEL A: Quanto mais você valoriza a felicidade, menor é a sua Balança Hedônica (A relativa preponderância do afeto positivo sobre o negativo é referida como Balança Hedônica, segundo Diener, 1996).
PAINEL B: Quanto mais você valoriza a felicidade, menor é a sua percepção subjetiva de bem-estar, isto é, mais dificuldade você tem de se sentir nesse estado específico.
PAINEL C: Quanto mais você valoriza felicidade, menor é seu bem-estar psicológico.
PAINEL D: Quanto mais você valoriza felicidade, mais presentes os sintomas de depressão.
Paro por aqui, acho que já deu para entender que para a ciência, a relação entre felicidade, performance e sucesso é, na melhor das hipóteses, INCONCLUSIVA. Para tantas pesquisas e publicações que contradizem o mito há, lógico, outras que o corroboram. Por isso, não há como bradar por aí que colaborador feliz produz mais sem que se esteja incorrendo, no mínimo, numa afirmativa para lá de DUVIDOSA.
Ao invés de se preocuparem tanto com a felicidade de seus colaboradores, talvez seja mais eficiente e inteligente que organizações invistam tempo, dinheiro e pensamento crítico nos esforços para serem menos tóxicas, menos exploradoras, menos cínicas, menos falsas, menos controladoras, menos neuróticas, menos injustas, menos egocêntricas. Que tal?!
Artigo publicado originalmente no LinkedIn do autor
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