Você sabe qual o propósito da área de Treinamento e Desenvolvimento na sua empresa? Por que ela existe? Simon Sinek propagou o Golden Circle , ou Círculo de Ouro, em português como uma forma de repensar como as organizações se veem e como transmitem esse propósito para si e o mercado. Essa mesma ferramenta pode ser usada por nós como área e como indivíduos.
Difícil? Não, mas propomos aqui outras reflexões antes para não continuarmos caindo nas mesmas armadilhas que nos mantêm no status quo. Ao longo deste artigo, vamos falar sobre o conceito de Plataforma LXP e o novo propósito das áreas de Treinamento e Desenvolvimento.
Assim como a educação nas escolas nasceu da necessidade de criar perfis dentro de um certo padrão para o exército e para a indústria, a educação corporativa vem para suprir a necessidade de garantir que as empresas tenham os recursos capacitados o suficiente para atender aos seus objetivos de produtividade e sustentabilidade financeira.
Inicialmente, treinava-se para atendimento aos requisitos técnicos. Muito tempo depois, grandes avanços foram feitos, e as habilidades comportamentais também começaram a ser valorizadas . Entretanto, o objetivo era o mesmo: colocar as pessoas em “caixinhas”, dentro do que era expectativa dos negócios.
Ferramentas de estratégia, modelos de negócios e a dinâmica dos mercados continuaram evoluindo, teorias e gurus continuaram aparecendo e dominando o mercado por tempos até então considerados extensos. O poder e a riqueza eram concentrados em alguns atores representados pelo governo, empresas e mídia. O consumidor, o colaborador e tudo mais que representasse o indivíduo estava à mercê desses movimentos, que eles nada podiam influenciar.
O advento da internet e das novas tecnologias que vieram a partir daí, especialmente a partir de 2007, levaram a uma revolução nessa dinâmica, invertendo a realidade até então dominante. A relação de poder não era mais a mesma.
Grandes corporações não atentas aos gaps em suas cadeias de valor passam a se ver ameaçadas por pequenas empresas, altamente usuárias de tecnologia, ágeis, ávidas por fazer acontecer, sedentas pela construção de soluções de forma colaborativa, tolerantes ao erro, curiosas por testarem novas formas de trabalho e com coragem para desafiar tudo que é formal, status quo, regulamentado.
Mais do que nunca, eles passam a ter voz, ganham a possibilidade de influenciar e ditar a nova dinâmica do mercado , começam a exigir um atendimento mais personalizado às suas necessidades, curiosidades e interesses. A régua de adultos e crianças é ditada pelos altos estímulos agora comandados pela tecnologia. Logo, logo a era da experiência começa a imperar .
O que estava acontecendo nos momentos de lazer das pessoas começava a valer também dentro das organizações. A era do comando e controle se vê ameaçada, as pessoas ficaram ávidas por verem suas expectativas atendidas, por saírem da rotina e trabalharem em projetos desafiadores, aderentes aos seus valores e nos quais pudessem realmente fazer a diferença, por aprenderem e compartilharem seus aprendizados, por terem menos hierarquia e mais autonomia.
Como qualquer outra área da organização, a área de Treinamento e Desenvolvimento começa a enfrentar novos e grandes desafios. Não importa mais entregar padrões, definir o que as pessoas precisam aprender no modelo one size fits all ou “um tamanho serve para todos”, em tradução livre. Surgem as plataformas LXP — Plataformas de Experiência de Aprendizagem , que buscam criar um ambiente de aprendizado semelhante ao Netflix, totalmente focado na experiência do colaborador, alheio ao comando e controle até então predominante.
Uma Plataforma LXP se propõe a integrar toda a aprendizagem organizacional em um único lugar, curando e utilizando uma variedade de metodologias e conteúdos agregados em um único portal de aprendizagem . Ademais, atraindo colaboradores por meio da recomendação do conteúdo certeiro para sua “dor” imediata, do compartilhamento de conhecimentos existentes nas organizações, da valorização de experts, da combinação do aprendizado formal e informal e de tudo mais que puder ser construído ou integrado em uma só plataforma.
A era da experiência está aí e, não se pode negar, mas ainda há campos de atuação que precisam ser atendidos por capacitação formal. Tendo isso em mente, ao contrário do que alguns propagam, pode-se afirmar que as Plataformas LMS (Learning Management System ou Sistema s de Gestão de Aprendizagem) têm seu lugar garantido, pelo menos no médio prazo. No lugar de defender sua extinção, é mais plausível falar em reinvenção dessa ferramenta frente à nova realidade que se apresenta.
A união do LXP com o LMS amplia as oportunidades de aprendizado. O LMS atende o objetivo de ser um sistema mais fechado, que não permite muito que os usuários ultrapassem o caminho de aprendizado definido, sendo ambiente propício para certificações e cursos obrigatórios para segurança e qualificação técnica requeridos pelas organizações. Já o LXP, por outro lado, é muito mais flexível e engajador, com colaboradores escolhendo o que aprender, quando aprender e de que forma aprender.
Uma plataforma LXP se traduz em um ambiente extremamente propício para aqueles que conseguirem surfar a onda, que ousarem desafiar o conhecimento estabelecido, a forma que sempre foi feita, a zona de conforto.
Os tempos mudaram , e os colaboradores agora são contratados muito mais com base no seu potencial futuro do que no seu background, ou seja, com base em sua capacidade de aprender continuamente e inovar do que em sua capacidade de seguir regras e padrões . Isso significa que a área de Treinamento e Desenvolvimento não pode mais se ater à aprendizagem como uma carga horária anual por colaborador a ser atendida, mas sim ter foco em potencializar as habilidades , impulsionar a carreira e, consequentemente, os resultados do negócio.
Colocando os colaboradores no centro para repensar seu propósito, os profissionais da área de Treinamento e Desenvolvimento tem uma enorme oportunidade de realmente fazer face aos objetivos estratégicos da organização. Então, antes de pensar no “o que” e no “como”, a área precisa encontrar o seu novo “por quê”.
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