Você já se perguntou em que ponto as empresas tradicionais estão sendo derrotadas pelas nativas digitais? A resposta é simples: justamente naquelas etapas de sua cadeia de valor que possuem falhas. Não defendo que a solução para as grandes companhias ou não nativas seja reproduzir o modelo das nativas. Contudo, há metodologias ou ferramentas e, principalmente, mindsets que podem ser entendidos e adaptados para a construção de uma nova realidade de negócio.
Um desses mindsets é o Moonshot Thinking. Neste conteúdo, vamos refletir um pouco sobre como essa ideia se relaciona com o profissional X.
O que é o Moonshot Thinking ?
Moonshots são projetos que buscam solucionar desafios imensos, de formas inimagináveis. E o pensamento Moonshot é uma das abordagens mais poderosas para se alcançar a inovação em negócios, sendo a X Company, antiga Google X (também conhecida como divisão de inovação disruptiva do Google), uma de suas principais propagadoras.
Lá, eles idealizam, testam e lançam projetos que aportam tecnologias de ponta para criar soluções que podem melhorar radicalmente o mundo. Em outras palavras, são, de fato, uma fábrica de Moonshots.
Graças ao Moonshot Thinking, projetos que antes só existiam na ficção chegaram ao mercado ou estão chegando nele, como: carros autônomos, Inteligência Artificial, processadores quânticos e entregas realizadas por drones.
No caso do Google, essa filosofia e mentalidade incentivam os colaboradores a procurarem soluções não convencionais para grandes desafios — normalmente, não aqueles vinculados à fonte principal de receita da empresa, mas para novas ideias com potencial futuro.
No lugar de tentar resolver problemas com melhorias incrementais, o diferencial do Pensamento Moonshot trazido pelos fundadores do Google está no pensar grande, tão grande quanto 10 vezes maior do que normalmente as empresas em geral pensam.
Essa forma de pensar pode ser percebida na própria missão do Google, que nada mais é do que “organizar as informações do mundo para que sejam universalmente acessíveis e úteis para todos.”
Apesar de mais amplamente conhecido por causa do Google, o Pensamento Moonshot mais icônico vem do presidente John F. Kennedy, quando proferiu em um discurso na Universidade Rice:
“Nós escolhemos ir à lua. Escolhemos ir à lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque são fáceis, mas porque são difíceis.”
– Presidente dos EUA John F. Kennedy, 1962
JFK e os EUA decidiram levar o homem ao espaço porque se sentiam capazes de fazê-lo. Nas palavras do presidente, “nós não sabemos ainda exatamente como faremos, mas faremos.” Independentemente da crença ou não do homem pisar na lua, essas palavras inspiraram muitos a alcançarem o inalcançável, a sonharem com o que transformaria o futuro da humanidade.
O que significa, na prática, usar o Moonshot Thinking nos negócios?
Para alcançar o inalcançável, as equipes devem abdicar da ideia de criar uma melhoria incremental de 10% e se concentrar em uma solução que traga 10 vezes mais melhorias ou resolva-a completamente. A X Company se inspirou na paixão do Moonshot de Kennedy para representar o que fazem:
“Os maiores problemas do mundo não podem ser resolvidos com o pensamento incremental convencional. Na X, aprendemos que a inovação revolucionária acontece quando equipes apaixonadas de pessoas têm a audácia de desafiar as perspectivas umas das outras e buscar o aparentemente impossível.”
Um artigo da SingularityHub cita algumas frases de Astro Teller — conhecido como “Capitão dos Moonshots” da X Company —, que ilustram bem como traduziram esse pensamento para seus negócios:
“Quando você muda sua perspectiva, nunca sabe onde vai parar.”
“Usamos a palavra Moonshot para nos lembrarmos de mantermos grandes nossas visões; para nos mantermos sonhando. E usamos a palavra fábrica para nos lembrar que queremos ter visões concretas — planos concretos para torná-las reais.”
Astro Teller
Teller transformou o pensamento numa filosofia de vida que trata todos os dias como se fossem o último e mais importante para a sobrevivência. Aí está a mudança de perspectiva que tem o poder de engajar e motivar a equipe para fazer o melhor.
O que pode parecer 10 vezes mais complicado é capaz de, no final das contas, trazer 10 vezes mais resultado, com esforços e custos menores do que parecem num primeiro momento.
Por que aplicar o Moonshot Thinking para a busca de inovações disruptivas?
Como conseguimos crescer 30% este ano? Essa é a forma incremental de se pensar. E se, exercitando o Pensamento Moonshot, nos perguntarmos “como conseguimos crescer 10 vezes?”.
Esse é um Pensamento Moonshot.
Pensar incremental normalmente conduz a equipe a pensar da mesma forma que sempre pensou, lançar mão dos mesmos tipos de soluções, vislumbrar os mesmos tipos de concorrentes e encontrar soluções similares para problemas que demandam muito mais criatividade e inovação.
O que não se pensa com frequência é que uma mudança incremental pode ser tão ou mais difícil do que uma mudança mais disruptiva. Pensar e “jogar” dentro de uma área de segurança dificulta o processo de inovação das empresas e, consequentemente, afeta sua competitividade e sustentabilidade no longo prazo.
Esse comportamento advém, em geral, da cultura existente na organização. Se não há liberdade para experimentar, arriscar e errar, as equipes atuam na zona de segurança, não ousam, chegam às mesmas soluções de sempre e ainda se tornam lentas e previsíveis.
Ter zero falhas é geralmente um indicador de que a ideia não é grande o suficiente. Ao não exercitar o Pensamento Moonshot, a equipe e a organização atrofiam, assim como músculos que não são trabalhados.
Como aplicar o Moonshot Thinking na organização e qual perfil de profissional dá conta dele?
Não existe um roteiro definido para um sucesso do Moonshot Thinking. O caminho tem obstáculos e falhas, mas neste e em outros artigos, existem ferramentas e modelos que mostram algumas direções a serem seguidas.
Mas, ainda mais importantes do que a fórmula, a metodologia ou o modelo são as pessoas. Para iniciar essa jornada junto com a organização, deve-se buscar uma equipe que siga os passos que listamos a seguir.
1. Conhece e influencia a criação do ambiente
O ambiente tem o poder de matar a ousadia e as grandes ideias. Nesse cenário, os colaboradores poderão influenciar, mas será a liderança que terá maior raio de ação para criar as condições favoráveis para a adoção do Pensamento Moonshot. Dessa forma, a equipe liberta sua mente coletiva de amarras ou regras e passa a questionar e testar novas abordagens.
2. Busca causas primárias/raiz e faz o mais difícil primeiro
Faz a pergunta certa, em vez de se ater a uma pergunta que outros também estão fazendo. No lugar de seguir o pensamento padrão de começar pelo mais fácil, começa pelo mais difícil e aparentemente insolúvel. Assim, ao resolver, consegue construir algo difícil de ser replicado, ganhando vantagem competitiva e sustentabilidade de longo prazo.
3. É corajoso e ousado
Pensa grande e não em soluções incrementais, age com ousadia, questiona o que é possível e a assume grandes objetivos, colabora e define os processos que darão o suporte para que a filosofia do Moonshot aconteça. Acredita que os avanços acontecem quando entramos no desconhecido e exploramos fronteiras distantes. Quer chegar onde ninguém chegou antes.
4. Sonha com o impossível, mas tem um plano tangível
Busca ou compartilha uma direção clara a ser seguida e define ações concretas e massivas para seu alcance. Seu nível de esforço é proporcional ao tamanho do desafio, infinitamente além do esforço realizado por quem busca resultados comuns. Ele é quase obsessivo para o alcance desse “algo maior” do que ele mesmo.
5. É ágil no pensar e no agir
E não somente para manter uma ideia, mas para interrompê-la também! Aproveita o espaço para experimentação e risco com sabedoria, o que Teller chama do equilíbrio entre “otimismo sem controle com ceticismo entusiasmado”.
Busca insights rápidos, sem apego a soluções preconcebidas, testando ideias criando protótipos rápidos e com baixo custo, faz iterações com base nos insights.
Os feedbacks que extrai do processo permitem ciclos de aprendizado rápidos, evitam o gasto de enormes quantias financeiras em hipóteses não testadas e garantem que a equipe está se movendo na direção certa. Tão importante como validar hipóteses, é invalidá-las. Por isso, Teller incentiva o desapego: “como vamos tentar matar nosso projeto hoje?”
6. Vai além do “T” e chega no “X”
Há bem pouco tempo escrevi um artigo sobre o profissional “T”. Nele, entende-se que nosso conhecimento especialista (lado vertical do T), associado ao nosso conhecimento generalista (lado horizontal do T), amplia nossa capacidade de conexão, fomentando a criatividade e a inovação.
Esse tipo de colaborador tornou-se bastante desejável pelas empresas. Entretanto, desafios 10 vezes maiores requerem ainda outras habilidades: o pensamento estratégico e a liderança. Então, é o profissional X que consegue conduzir a equipe a alcançar resultados inimagináveis.
Voltando ao Google, que tal se beneficiar de uma de suas fórmulas do sucesso? O Moonshot Thinking passa pela contratação de profissionais ambiciosos, corajosos para enfrentar o medo do fracasso, sonhadores, ousados, com liberdade para atuar, independentes da forma estabelecida de fazer as coisas, crentes de que o impossível é algo alcançável e de que, se falharem, pelo menos aprenderam coisas importantes na jornada.
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