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September 21, 2018

Hack Town 2018 | HackInsights

De seis a nove de setembro de 2018, ocorreu o evento HackTown, em Santa Rita do Sapucaí, uma pequena e bucólica cidade do estado de Minas Gerais. O município foi invadido por uma multidão de indivíduos que buscavam inspiração, respostas, diversão, conhecimento e, sobretudo, explicações para tentar entender este mundo tão complexo que criamos e no qual vivemos.


Foram realizados palestras e workshops dos mais diversos campos do conhecimento, que, ouso dizer, conectam-se ao tentar explicar e compreender o grande agente capaz de impactar e transformar tudo isso: o ser humano.


O termo VUCA (sigla em inglês que, traduzida, significa Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo), repetido milhões de vezes para definir o momento global em que estamos, também define o ser humano. Afinal, falar do mundo é, também, discorrer sobre as pessoas, que estão constantemente interferindo no planeta e moldando-o à maneira delas.


Desde os primórdios de sua existência, o homem vem criando utensílios que o ajudam a superar suas limitações. Se não temos dentes e garras afiadas para lutar contra predadores, lascamos pedras e criamos armas; para nos locomovermos mais rápido, produzimos meios de transporte velozes; se não conseguimos processar tanta informação ao mesmo tempo, inventamos computadores que podem fazer isso por nós. E, sendo eternamente insatisfeito, o ser humano passa a querer melhorar mais e mais suas criações.


Se elaboramos um computador, passamos a não querer mais que essa máquina realize apenas o trabalho de forma mais eficiente que nós; desejamos que ela deixe de ser 100% máquina e se aproxime de nossa essência como ser humano. Logo, partimos em busca de maneiras para fazer com que esses equipamentos consigam expressar reações e emoções como nós faríamos. Passamos, então, a brincar de ser Deus e criar máquinas à nossa imagem e semelhança. Sentimos orgulho de conseguir replicar e ver nossas características em nossas criações, assim como pais ficam orgulhosos de ver seus melhores atributos em seus filhos.


Vemos, assim, o florescer da era das máquinas. Passamos a melhorar cada vez mais esses aparelhos, de modo que, a cada evolução, eles possuam mais características análogas às nossas e que nos definem como ser. Vemos, então, a humanidade caminhando para o extremismo da automação, endeusando tanto suas criações e passando a se esquecer dos próprios indivíduos que as criam. Assim, possuir esses inventos passa a ter importância e relevância maiores do que os próprios humanos que os criaram.


Com isso, surge um temor de, no futuro, sermos dominados por nossos próprios engenhos. O que passa desapercebido é que, desde o momento em que utilizamos um pedaço de madeira para criar uma alavanca, já fomos dominados pelos equipamentos, pois passamos a não conseguir mais executar várias ações sem o auxílio de algum instrumento.


Naturalmente, quando a humanidade passa a tender para um extremo, surgem movimentos que começam a olhar o lado oposto e esquecido pelo outro. Ao mesmo tempo que, no evento, temas como inteligência artificial, inovação, robótica, blockchain, chatbot etc. estavam em voga, outros assuntos que priorizavam o ser humano, como mindfulness, meditação, autoconhecimento e psicologia, também ganharam força.


Para complicar ainda mais a situação, movimentos intermediários entre esses dois extremos também começam a desabrochar. Notamos, assim, o nascimento de áreas como Human Centered Design, experiência do usuário etc., que visam recolocar os indivíduos no centro das tomadas de decisão, tendo um olhar mais empático ao construir artefatos. O objetivo passa a ser realmente tornar a vida das pessoas mais fácil, diminuindo as barreiras e dificuldades da interação do homem com a máquina. A preocupação com os sentimentos, as emoções e as reações humanas passa a, novamente, ter valor e relevância.


É no meio dessa loucura toda de pensamentos e movimentos divergentes e, muitas vezes, antagonistas, que nos encontramos hoje. Com isso, muitos passam a sentir angústia e ansiedade ao tentar lidar com tudo, visando achar um ponto de equilíbrio na inegável facilidade que as máquinas trouxeram para nós, mas sem perder a essência que nos define como ser humano.


Em sua palestra “Design From Within”, Jaakko Tammela definiu caos como o período de transição entre a morte de uma coisa e o surgimento de uma nova. Concluímos, então, que estamos em período de caos, na busca por alternativas que tornem o mundo melhor e mais harmônico para se viver. Se vamos conseguir atingir nosso objetivo ainda é muito cedo para dizer, mas, ao menos, estamos agindo e tentando promover mudanças.


Termino trazendo uma mensagem exposta na brilhante palestra de Guilherme Romano, que comparava as três trilogias de “Star Wars” com suas respectivas gerações e visões de mundo:


“Toda época sonha com a seguinte e, ao sonhá-la, a faz despertar.” – Walter Benjamin

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