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May 7, 2021

Economia do cuidado: como conciliar o papel das mães em casa e no trabalho

Sabemos que a ‘economia’ é feita de regras que organizam a forma como vivemos, sendo algumas mais visíveis, outras nem tanto. Essa palavra sempre foi muito atrelada à questão financeira, mas, no contexto atual, em que precisamos aprender a se virar num novo mundo pandêmico e ter um olhar mais empático, colaborativo e humanizado, faz-se necessário dar um foco maior para o que chamamos de ECONOMIA DO CUIDADO .


Para compreender o que isso quer dizer, não precisamos ir tão longe: Ao observarmos hoje uma pessoa adulta saudável, não podemos esquecer que ao longo de diversos momentos da sua vida, pessoas se dedicaram aos seus cuidados desde alimentação, passando por higiene, saúde, foco em bem-estar e educação, assim como a manutenção do meio em que estamos inseridos. Acontece que, predominantemente, esse cuidado é feito por mulheres.


De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, 48% das famílias do Brasil são chefiadas por mulheres e, segundo uma pesquisa realizada pelo site Think Olga, 84% das mulheres brasileiras tiveram uma diminuição de renda na pandemia e 9 em cada 10 mães mudaram sua rotina. O trabalho invisível feito pelas mães se intensificou e reforça a necessidade de olharmos para o dia de homenagem a elas de forma ainda mais especial. Mães marcam a nossa trajetória, com as culpas, preocupações e tensões da maternidade e da maternagem, mas também com amor, carinho e liberdade. .



“Enquanto a maternidade é tradicionalmente permeada pela relação consanguínea entre mãe e filho, a maternagem é estabelecida no vínculo afetivo do cuidado e acolhimento ao filho por uma mãe.” ( Artigo na revista Pensando Famílias )



Economia do cuidado dentro do contexto organizacional


Quando olhamos para o mercado de trabalho, sabemos que a maternidade, por vezes, é vista como um processo que exclui e aliena as mulheres e que há muito chão ainda para caminhar. Mas não é possível seguir sem antes pararmos para pensar: a jornada de trabalho de toda mãe é igual? A história de toda mãe é a mesma? As mães vivem os mesmos conflitos, culpas e dores? Tudo são flores e amores? Mãe é mesmo tudo igual?


A mãe de uma criança atípica, a mãe solo, as mães lésbicas, a mãe negra e a mãe com deficiência são alguns dos exemplos que podemos trazer para dizer que mães são diferentes, mas há algumas coisas em comum que unem todas elas : mulheres mães de todas as idades precisam e merecem serem acolhidas em todos os espaços, especialmente em seu espaço de trabalho, onde, muitas das vezes, elas passam mais de 1/3 (um terço) do seu dia.


O primeiro passo para o acolhimento deveria ocorrer desde a gestação, pois as mulheres que optam pelo caminho da maternidade iniciam ali um processo de muita atenção, de necessidade de flexibilidade e de compreensão.


Felizmente, cada vez mais, a licença-maternidade, que é um direito garantido e que leva as mulheres a uma saída segura e um retorno tranquilo em seu espaço de trabalho, é compreendida e respeitada, mas ainda assim, há um caminho necessário para que este processo de saída e retorno seja visto com mais naturalidade. Segundo pesquisa da FGV de 2017 : “metade das mulheres que têm filhos perdem o emprego em até dois anos depois da licença-maternidade”.


Mas depois que o bebê cresce, a mãe continua precisando do olhar dedicado de todas as pessoas ao redor, inclusive no seu ambiente de trabalho. Pensando na economia do cuidado: a mãe é, tradicionalmente, a principal encarregada dos horários, da comida, do agenciamento de uma casa e isso tudo gera o chamado “trabalho invisível/mais do que visível” que ainda custa em ser compartilhado com mais pessoas dentro da casa, principalmente se levarmos em conta que há dias em que esta tripla jornada de trabalho supera em muito as 8 horas/dia.


O que fazer para apoiar e acolher as mães dentro da economia do cuidado?


Esse questionamento deve servir como uma provocação por todos dentro da organização e, principalmente, pelos gestores. Algumas ações já sabemos que não só podem como devem ser aplicadas:


  • Acolhimento e flexibilidade no período de gestação;
  • Segurança e resguardo legal para a saída de licença-maternidade;
  • Retorno tranquilo e com olhar empático;
  • Dignidade para idas ao médico e saídas para emergências.


Numa cultura corporativa é importante também:


  • Criar culturas que possibilitem que pessoas que cuidam possam gerir trabalho e vida pessoal de forma equilibrada;
  • Garantir equiparação salarial considerando disparidades de gênero e raça;
  • Em tempos de pandemia: facilitar o trabalho remoto com ferramentas de gestão, equipamentos adequados e horários flexíveis. (Fonte: Think Olga )


O cuidado é um trabalho coletivo e não há mudança possível sem engajarmos cultural, social e institucionalmente. Por isso, neste Dia das Mães , a Afferolab deseja acolhimento, respeito e liberdade para todas as mães, para que todas possam ser olhadas, cuidadas e incentivadas todos os dias do ano.

Mais do que uma consultoria de treinamentos, atuamos como um ecossistema de aprendizagem, promovendo experiências de alto impacto, significativas, memoráveis e feitas para melhorar a vida de gente como a gente.

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