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July 28, 2021

Ampliação do olhar e aprendizagem para o futuro que plantamos agora

Revoluções, guerras e pandemias mudam o mundo para sempre. Mas seriam esses grandes eventos que resultam em polarizações ou são as polarizações que condicionam os grandes eventos e as novas visões de mercado? Nestes tempos caóticos, incertos e vulneráveis, a sociedade se divide . Otimistas e catastrofistas. Individualistas e coletivistas. Protagonistas e vítimas. Ou, como diria Suassuna, “A humanidade se divide em dois grupos, os que concordam comigo e os equivocados!”


Em todos os casos, sobe a popularidade daqueles que se dedicam a estudar e prever o futuro , e não à toa. Em geral, precisamos de quem nos diga se estamos no caminho certo, que nos forneça alguma estabilidade, direcionamento, ou mesmo inspiração e esperança, que nos motive a ter fé. Todos os dias, governos, empresas, executivos, investidores, eleitores e pessoas comuns tomam decisões influenciadas por consultorias, institutos e indivíduos que fazem previsões muitas vezes baseadas em dados e metodologias superficiais, sujeitos às limitações e armadilhas dos vieses cognitivos. Por outro lado, se houver algum afinco em se buscar informações aprofundadas, que considerem mais variáveis e cenários mais amplos, certamente poderemos contar também com abordagens sofisticadas para estudo de sinais do futuro, com ajuda máxima da ciência de dados e dos algoritmos, somadas ao olhar crítico, aberto e por vezes subjetivo e intuitivo do ser humano.

Em 1909, foi lançado na França o Manifesto Futurista em um contexto de tensão política que antecedeu a primeira guerra mundial. Talvez um dos primeiros movimentos futuristas documentados da história, influenciou diversos artistas que mais tarde vieram a fundar outros estilos artísticos como o cubismo e o surrealismo, durando até o início da guerra. No Brasil, influenciou o Movimento Modernista a construir, a partir de 1922, uma identidade na arte brasileira, após longa fase copiando padrões europeus.


Esse é um lado da história.


O Manifesto Futurista deixou claras também a rejeição ao passado e a destruição de tudo o que era velho e venerado, ascendendo espaço para o novo e o vital. Com esse propósito vieram outros como “nenhuma obra-prima sem o devido momento de agressividade” e “destruir os museus e as bibliotecas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas que buscam o proveito". Esse foi o outro lado, considerado por alguns inclusive como influenciador do movimento fascista. O Manifesto Futurista foi, portanto, propulsor para artistas gerarem transformações disruptivas na história da arte, mas também contribuiu para fundamentar ideologicamente alguns princípios políticos, econômicos e sociais emergentes, que mudariam o curso da humanidade para sempre.


Do passado para hoje em dia


Vindo para nosso tempo atual , que foi previsto, porém ignorado, o pandêmico – afinal, entre os eventos previsíveis em qualquer sociedade estão os pandêmicos : quando vemos algumas das maiores mudanças de nossa geração, bem como o surgimento de oportunidades de transformações disruptivas surgirem em razão de um vírus letal. Vale dar uma olhada em praticamente todas as edições dos últimos 15 anos do The Global Risks Report , que confirmam esta questão da previsibilidade das pandemias , entre outros eventos. Não é por falta de aviso, portanto, que hoje estamos em uma nova conjuntura econômica , política, social, corporativa e humana. Nosso mundo já está mudado e com inúmeras ambiguidades possíveis, algumas previsíveis e outras não, como aquela provocada pelo Manifesto Futurista e as que vivemos atualmente no mundo – e na realidade corporativa, que é o principal contexto deste artigo.

Quando falo em uma ampliação do olhar e da aprendizagem para o futuro que plantamos agora, quero destacar que o conceito de futuro que considera os próximos anos, ou somente o amanhã, é ultrapassado e será cada vez mais conforme o tempo for passando.



Ainda mais se levarmos em conta que o tempo vem correndo cada vez mais rápido e, como disse um dia certo senhor que é reconhecido como um dos cientistas mais disruptivos da história, “a diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão” .



Partindo desta premissa, o futuro ou está acontecendo agora ou está sendo semeado neste momento e precisa ser encarado desta forma, na realidade real, atual e em andamento. E cabe a nós, simples mortais, nos adaptarmos ao fato de que a imprevisibilidade e a previsibilidade coexistem de forma conflituosa em qualquer sociedade, e que a ampliação da consciência a respeito disso é fator necessário àqueles que se dedicam à aprendizagem e ao desenvolvimento humano.

O caminho é abrir – ainda mais – a percepção


A ampliação da consciência passa por uma ampliação do olhar por meio do aprendizado. Quanto mais acesso a situações nas quais as pessoas entram em contato com visões variadas da realidade, conteúdos e mídias diferenciados, quando possível mediados por diálogos , mais podem se encaminhar para a conscientização, que gera cada vez mais protagonismo, autonomia e flexibilidade cognitiva . E o que se entende por aprendizado hoje? A troca, o colocar-se no lugar do outro, a constante busca por novas perspectivas, o diálogo. São práticas que já movem o mundo hoje e que continuarão a fazer isso no futuro.

Temos, então, que repensar o significado básico do que é ser humano, e nossas ações, em todos os âmbitos, devem ir ao encontro de nossos pensamentos, inspirações e visão de mundo, sem deixar de lado os aprendizados que vamos acumulando pelo caminho, porque as perspectivas se alteram. E como fazer isso? Como realmente gerar um impacto positivo , enquanto seres humanos passíveis de erros, como somos? Primeiramente, praticando a empatia – apesar de si. Parece óbvio isso ser dito em 2021, mas se refletirmos a respeito da diferença entre o discurso e a prática, já temos um entendimento sobre a importância da valorização da empatia nesse cenário. A partir disso, devemos estimular diálogos, participar deles, sobre os mais diferentes temas, mas principalmente aqueles sobre os quais pensamos – erroneamente – conhecer a verdade absoluta . Ainda: vale repensar nosso papel e responsabilidade com o futuro que queremos criar, isso no que se refere às relações pessoais, profissionais e com o planeta.



Revisitar pensamentos e posicionamentos introjetados em nós mesmos e refletir novamente, como um novo ser – já que evoluímos todos os dias – é muito saudável e pode nos tirar do comodismo. Praticar o pensamento crítico é crucial nessa jornada.

E quando se fala em trabalho e relações interpessoais?


Trabalhar com aprendizagem e desenvolvimento humano, no meu entendimento, implica, portanto, ampliar o olhar de maneira sistêmica e crítica, para que as pessoas nas empresas, em qualquer função, tenham condições técnicas e comportamentais não binárias , não individualistas, com alto nível de consciência e mais aptas a lidar com o mundo VUCA/BANI . Neste contexto, se atuarmos com empatia, diálogo e uma noção clara de responsabilidade sobre nossas ações e sobre como elas impactam o nosso redor, o futuro será mais promissor do que o que podemos enxergar agora.

Nossa atuação em relação ao contexto atual não pode ser binária. Se não estivermos preparados para ler, ouvir e analisar para além de nossa “ bolha ” – um dos grandes males advindos da globalização, do avanço da internet e do excesso de informação a que estamos todos expostos – de nossa tribo e dos algoritmos que regem nossas vidas, queiramos ou não, nossa percepção de mundo será restrita, enviesada, tendenciosa e facilmente manipulada . “A verdadeira viagem do descobrimento não consiste em buscar novas paisagens, mas novos olhares”, escreveu Marcel Proust.

Não podemos esperar para solucionar as questões do futuro se acharmos que ele só acontecerá amanhã. Nós teremos o futuro que estamos plantando agora, e os “tempos” humanos vão se misturar cada vez mais. Cabe a nós, então, nos adiantarmos nessa mistura de passado, presente e futuro ao decidirmos cada passo a ser dado. Só assim para promovermos uma consciência maior a toda a humanidade a respeito de si mesma, do planeta e do futuro que queremos , pois, se ele será aquele que construirmos, se fizermos isso com consciência será infinitamente melhor.


Daniela Libâneo é formada em Pedagogia pela PUC SP, tem mestrado em Arte pela Unicamp e atua como diretora de Aprendizagem da Afferolab. Coautora do livro Arte Por Toda Parte, editora FTD, ganhador do Prêmio Jabuti, edição 2015

Referências:


https://ekrbrasil.com/

https://laart.art.br/blog/futurismo-no-brasil/

https://www.iftf.org/home/

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2020/07/10/

EDMONDSON, Amy. A organização sem medo: criando segurança psicológica no local de trabalho para aprendizado, inovação e crescimento. Alta Books, 2020.

BUORO, Ana Amelia Buoro. Olhos que Pintam-a leitura da imagem e o ensino da arte. Ed. Cortez, 2013.




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