Nossos olhares são notadamente influenciados por preferências pessoais, por pressões grupais e por vieses cognitivos inconscientes. Inescapável. Nosso espectro de atenção, nossa energia para engajamento, nossa disponibilidade para compreensão profunda e até mesmo nossos radares para captação - tudo é limitado diante de um universo sem limites para informações complexas sobre tudo que conhecemos, e especialmente sobre o que desconhecemos.
É fato que prestamos atenção em coisas cotidianas que nos exigem senso de urgência e senso prático para resolução. São coisas triviais, densas, complexas que insistem em nos convocarem para uma ação ou, ao menos, para contemplação. Tais assuntos do dia-a-dia são aqueles que ocupam grande parte da nossa agenda produtiva, requerendo dedicação, articulação e análise.
Ao mesmo tempo, nos divertimos, nos assustamos e nos surpreendemos com os assuntos futuristas que pipocam no presente. São temas intrigantes, do mundo aventureiro do amanhã, que fluem, aterrissam e evaporam num piscar de olhos. Poucos ainda conseguem deixar memórias duradouras, instigando um revisitar de tempos em tempos. Pouquíssimos tracionam ao longo do tempo, ganhando momentum até serem incorporados nas rotinas. Até as organizações tendem hoje a contratar e desenvolver pessoas com base em seu potencial de futuro mais do que nas conquistas previamente existentes.
Mas o olhar para o futuro, o novo e o desconhecido chega sempre mais forte e onipresente. Individualmente temos um impulso natural de nos estendermos além dos limites, sempre querendo ser melhores do que somos e muitas vezes melhores do que os outros. Cenários de negócios refletem o mesmo desejo com organizações buscando sempre ir além, tornando-se mais rápidas, duradouras e prósperas. Esse imenso mercado só aquece ainda mais o caldeirão da pressão por hypes ao reverenciar resultados e pessoas que combinem fortemente com essa mentalidade.
O contexto hiper-complexo-convergente global nos inunda com possíveis inovações percebidas como disruptivas, que criam enorme buzz e se vendem como fórmulas milagrosas. O Gartner Hype Cycle, uma das fontes mais conhecidas, apresenta uma fase de percepção que traduz perfeitamente nossa questão: chama-se Pico das Expectativas Infladas . Geralmente essa fase percebida cria imensa pressão para adoção, mesmo que interesses pessoais não tenham ainda surgido, estimulando a conhecida ansiedade em não ficar para trás e perder oportunidades.
Hypes que se encontram no Pico das Expectativas Infladas acabam sendo interpretados como fórmulas milagrosas ou promessas de plug and play que até se plugam tecnologicamente, mas sempre requerem projetos paralelos de desenvolvimento de habilidades, implantações e cultura associados. É necessário envolver pessoas, negócios e tecnologias, além de preparar a cultura para chegar à maturidade necessária para desfrutar dessa Hype.
Curiosamente, gostamos do envolvimento com o hype e, por vezes, nos ressentimos com a pain . Enquanto o primeiro nos estimula a imaginarmos algo a ser desvendado e construído sem muita necessidade concreta de fazer algo, o segundo nos convoca insistentemente a resolvermos pragmaticamente as pautas quentes do momento.
Vejamos o cenário de Metaverso, o grande hype do momento. Poucos entendem a fundo do que realmente se trata. Para se beneficiar com a proposta de valor prometida, antes é fundamental entender o que é valor para as pessoas e para a organização com sua adoção. Na sequência vem o mais desafiador: preparar a organização e as pessoas para a novidade e para o esforço real que envolve essa adoção, de preferência tendo já investido em desenvolvimento de habilidades tecnológicas e socioemocionais no grupo e em estrutura para fomento de inovação e transformação digital.
Outro tema mais conhecido, mas ainda sim um hype, é o cenário de aprendizes e colaboradores Creators . São mentes que possuem conhecimento, embasamento e experiência extremamente relevante e que precisam disseminar isso pela organização. Esse processo envolve práticas e recursos sociais, abertos, ágeis e fluidos que promovam criação e cocriação para se fomentar uma organização que aprende. Mas é preciso investimento em maturidade, cultura e processos, tanto para a área de desenvolvimento de pessoas quanto para as próprias pessoas. Investir em creator não é a mesma coisa que permitir que poucos (e sempre os mesmos) produzam conhecimento com moderação de uma determinada área. Limitar a produção dos creators com o mesmo mecanismo de controle de hoje é o equivalente a usar armamento pesado para matar formiguinha. Ou seja, usa-se tecnologia e recursos potentes sem alcançar o resultado para se tornar uma organização smart.
De qualquer modo, nem sempre conseguimos visualizar que é justamente a superação das prioridades do momento (Pain) que nos habilita para o sucesso do futuro (Hype) . Conciliar tempo e integrar as pautas são duas prioridades de gestão, premissas para construção de pactos exequíveis e efetivos nas organizações.
Ao se acolher e analisar o imenso espectro que envolve qualquer contexto, a adoção de tecnologias emergentes pode, de fato, trazer impacto. Infelizmente, não é o que costuma acontecer e, muitas vezes, o resultado fica injustamente na conta somente do hype.
Vejamos até mesmo o hype de NFTs, tokens e afins. Qual a proposta de valor real com a tecnologia blockchain? Gerar ativos? Reconhecer ativos/certificados? Confiabilidade? Compartilhamento de evidências? Histórico? Todos esses são retornos diferenciais, mas a organização precisa entender o que ela quer e perceber quanto de esforço deve investir no hype e o quanto deve direcionar ao contexto atual para se adotar qualquer inovação .
Acompanhar tecnologias emergentes é fundamental, ainda mais quando se fala em mentalidade de organização inovadora. Mas sem entendimento e dedicação em implantação sistêmica e abrangente, sem esforços e tratamentos associados e sem cuidar do hoje, a inovação só terá pain e pouco (ou nenhum) gain. Mas se o contexto estiver sendo cuidado com esforço e sustentabilidade e se a análise de problemas reais ou potenciais estiverem sendo acolhidos, analisados e colocados no centro, fica bem mais viável surfar em hypes e ganhar bastante com isso, tanto em rapidez quanto em crescimento e durabilidade.
Artigo escrito por Barbara Olivier (CIO da Afferolab) com coautoria de Daniel Motta (CEO BMI & Bossa e Membro Conselho Afferolab)
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